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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

passo a passo

Senti um impulso. Acordei.

Tinha dormido o suficiente para não me aperceber que estava a seguir o caminho errado. Perdi a noção de mim própria e da minha influência no ambiente que me cercava.

Na minha vida há poucas coisas tão triviais como a consciência, um estado permanente de alerta.

E ao acordar, num corpo que é meu, numa vida por mim construída, soube quase de imediato que tinha de crescer. Olhei a minha volta e não vi ninguém, apenas restos de relacionamentos e pertences humanos. Então a minha identidade procurou reconstruir-se a si própria, com uma estranha combinação entre responsabilidade e confronto.

Que entusiasmo! O curioso quanto a este novo caminho é que não sabia o que me esperava, apenas tentava chegar com as mãos a terra fértil. Sem qualquer hesitação, este estado de alerta não era só por si o arranque na mudança.
Afinal o que foi? Posso dizer que incontáveis imagens na minha mente ligadas a uma sensação de crescimento. Quando acordei encontrava-me perdida, embora eu me tivesse guiado por tal rumo por me ter livre da própria consciência.

Sei que é preciso um sentimento avassalador como este para criar algo único. E jamais me arrependerei das minhas acções, exactamente por me permitirem crescer e conhecer-me melhor. O amor nunca teria sido amor, apenas vaidade. A amizade nada seria senão uma cooperação necessária, o mal foi sem duvida o meu bem. Se tais acontecimentos não se tivessem sucedido não haveria conhecimento.

E se a minha consciência não tivesse acordado… nunca saberia que me faltava alguma coisa.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O jardim

Não consigo olhar para aquele jardim, sentir a sua aproximação. Jamais poderei assistir novamente ao seu encanto.
Era com toda a certeza perfeito, ardeu. Um fogo que ainda não cessou e me queima por completo.

Por momentos sinto aquele odor que lhe é próprio, não sei de onde vem, talvez continue preso a um tecido qualquer. Não importa, por momentos senti a sua essência, acompanhada por uma ânsia incontrolável! A esperança volta a raiar, a cabeça fica confusa, talvez se volte a erguer, essa será para sempre a minha vontade…

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

De tudo o que já escrevi, esta é a peça mais sincera. Não fala de sentimentos ou pessoas, sou apenas eu por palavras.
“Os meus pensamentos são todos sensações”, pelo contrário, porque todos os meus sentimentos e percepções são pensamentos. Penso o que vejo, o que sinto, o que toco, o que cheiro, penso a alegria e tristeza! Se algum dia poetiza, teria de ser do metafísico e não da natureza.
Como qualquer ser humano, não quero estar sozinha. Mas é quando estou que sou mais feliz, mais completa. Os meus pensamentos são puros, totalmente criados por mim, não por qualquer influência, sou eu!
Muitas vezes acabo por ser incorrecta, assim sendo, acredito ter criado uma nova categoria de aprovação, onde me contrario até ser feliz. Sem ter vergonha de qualquer pensamento, de qualquer ignorância ou incerteza, chego a sorrir e a chorar ao mesmo tempo, choro de todas as tristezas e riu de mim própria pois segundo as minhas leis, sei que sou feliz.
Hoje encontro-me algures no passado, onde ainda vigora um bom costume, a melhor música e onde os pecados cometidos são ainda, motivo de vergonha, uma visão quase perfeita.
Tenho a porta aberta, posso escolher, posso pensar com certeza na melhor forma de me tornar o meu sonho. Deparo-me agora com um problema, quero poder sorrir desta forma, quero recordar todos os que conheci, de uma maneira ou outra, quero abandonar este fardo de constante felicidade, quero ser um pouco de tudo e quero poder ser alguém inesquecível, nem que o seja apenas para uma pessoa. Parece ridículo, mas aqui posso tudo.
Quero voltar, quero fazer tudo outra vez, quero esquecer, enganar a morte! Sim, enganar a morte! Tudo o que eu queria era ter tudo isto e saber…

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

hoje é dia de receber...

As mãos, não escondem as mãos, marcas do tempo que exigem respeito, atenção. Um olhar que sorri na minha presença, grato por eu existir e entrar nas sua vida, nem que seja por meia hora. Lições valiosas que jamais poderei esquecer.

Uma casa modestamente portuguesa, recebo todo o tipo de oferendas, desde bolos a arroz doce, nada falha para uma possível visita que nunca chega. Hoje é dia de extrema felicidade, gostaria de guardar este meu sentimento egoísta de utilidade. Cada palavra sobre uma vida antiga faz-me sorrir, não fala do passado como uma realidade. Conta-me então o que viveu aquela pessoa que já não parece conhecer, eu limito-me a repetir em pensamento todos aqueles preciosos momentos e então, torno-me poderosa, quase divina. Faço ressuscitar uma menina que já tinha desaparecido, um jovem lutador, profissões que já não existem.
É por isto que volto sempre, a minha simples presença desencadeia centenas de acções que comportam felicidade e um calor humano que me abraça e conforta, um calor de avós.